25 de março de 2012

Um testemunho de Américo Nunes


NENHUMA GREVE GERAL É GERAL PORQUE TODOS OS TRABALHADORES E ORGANIZAÇÕES SINDICAIS ADEREM – ESTA ÚLTIMA FOI MAIS UMA GRANDE GREVE GERAL

SAUDAÇÃO E SOLIDARIEDADE

Por Américo Nunes[1]

Em primeiro lugar, a greve geral é geral porque uma central sindical a convoca e prepara apelando a todos os trabalhadores para participarem nela porque considera que esta forma de luta é a mais apropriada para num determinado momento, contexto social e político defender direitos, combater os despedimentos e outras políticas de rapina e espoliação dos trabalhadores e das suas famílias. No caso actual, as razões e objectivos para a realização desta forma de luta são de tal monta, tão evidentes para toda gente que nem merece a pena darmo-nos ao trabalho de as enumerar. Também não deixa de ser geral só porque a UGT ou outras organizações sindicais não participam. Pudera! A UGT assinou por baixo e de cruz o pacote de malfeitorias que a TROIKA e o governo lhe puseram à frente, e agora ia fazer greve contra as suas consequências negativas...
Como activista sindical desde 1970, dirigente do meu sindicato desde o dia 29 de Abril de 1974 até aos dias de hoje e da CGTP-IN em 1975/77 e desde 1983 até 2004, participei nas discussões, deliberações, na organização e dinamização de centenas de greves de empresa, de muitas dezenas de greves sectoriais, em todas as greves gerais realizadas em Portugal depois do 25 de Abril, até à de 10 de Dezembro de 2002.
Cada greve é completamente diferente da outra, no grau de adesão, no impacto social e político, no grau de ferocidade com que são combatidas pelos governos, patronato e os seus ajudantes encapotados, mesmo quando de forma cínica dizem que a greve é um direito dos trabalhadores.
Da minha experiência grevística, entre muitas coisas posso dizer-vos, uma é que sempre que ouvia um trabalhador ou mesmo um delegado ou dirigente sindical dizerem, às vezes com o discurso mais radical de todos “eu só faço greve se todos a fizerem” ou, eu só estou de acordo se a UGT também fizer, eu já sabia que este não queria fazer greve.

OS TEÓRICOS DA GREVE COMENTADORES E “CONTADORES” DO NUMERO DOS MANISFESTANTES E GREVISTAS DAS ACÇOES PROMOVIDAS PELA CGTP - IN

A violentíssima ofensiva em curso contra os direitos dos trabalhadores e do povo, só pode ser levada a cabo pelos seus perpetradores atacando de todas as formas e por todos os lados as organizações sociais e politicas com capacidade para se lhe oporem e resistir, a fim de as enfraquecer para conseguirem os seus objectivos. Neste momento a grande burguesia portuguesa tem toda a artilharia pesada a disparar sobre os sindicatos e a CGTP-IN, única verdadeira central sindical que temos no nosso país.
Uma das mais despudoradas linhas desse ataque nesta última greve chega-nos através da comunicação social política e economicamente controlada pelos grandes grupos financeiros, e por arrastamento também da NET.
Jornalistas e comentadores mercenários ou ingénuos convencidos que são o quarto poder e totalmente independentes e objectivos, sentados numa cadeira, quantos sem jamais terem tido a coragem de fazer uma greve e sentido na pele a repressão objectiva e subjectiva que desse acto de rebeldia, protesto e coragem quase sempre nos cai em cima, opinam sobre o que foi feito e como não deveria ter sido feito, detectam mil e um defeitos e fraquezas nos sindicatos, acusam-nos, e atacam os seus dirigentes. Destilam veneno ideológico de classe, mas poucos reparam que ao nível dos meios, a luta entre trabalho e capital é semelhante à de David e Golias. Dizem que foi uma greve apenas dos transportes porque aí via-se bem e seria escandaloso negarem-na.
As opiniões a transmitir são recolhidas nas estações, inevitavelmente a quem não está com a greve ou nem sequer se apercebeu dela, se não não estava ali, ou nos centros de saúde e urgências hospitalares, onde naturalmente qualquer doente se lamentará sobre os efeitos da greve para a sua saúde, numa linha de indução insidiosa e preconcebida contra a greve.
O caso do tiro ao alvo ao novo secretário-geral da CGTP-IN Arménio Carlos, há apenas dois meses no cargo, é exemplificativo dos métodos sujos utilizados para atacar uma grande organização de trabalhadores com centenas de milhares de trabalhadores, mais de 4 mil dirigentes e mais de 15 mil delegados sindicais. Apontam defeitos, fazem comparações estúpidas, elencam falsas fraquezas. Atacam o homem para atingirem a organização e em última instância os trabalhadores. E nalguns casos atacam-no eventualmente por despeito por estarem à espera que tivesse menos qualidades e capacidade no desempenho das funções que lhe foram atribuídas pelo Conselho Nacional no último congresso, desempenho que até agora tem sido notável num contexto político e social de grande exigência para os sindicatos e de grande complexidade organizacional, na adaptação às novas funções ao mais alto nível do movimento sindical.
O jornal Publico do senhor Belmiro de Azevedo destacou-se particularmente nesta campanha. Nos três números que saíram até ao dia em que escrevo este artigo esmeraram-se em análises, teorias, conclusões. O supra sumo do cinismo, deste trabalho sujo ou ignorante, vem sintetizado no editorai de domingo, da responsabilidade da direcção e da redacção. Verte lágrimas de crocodilo porque dois jornalistas foram agredidos pela polícia e ouve limitação da liberdade de informação. E, ao mesmo tempo que conclui pela enésima vez que a greve foi fraca, justifica: «a escassíssima minoria que são os indignados e outros movimentos precisa da violência para dizer que existe e legitimar o discurso de que não vivemos numa democracia.»
Como pareceria mal mesmo ao jornal da SONAE na sua lógica de classe não considerar o Arménio uma das figuras da semana, considera-o como tal mas coloca-lhe em título o cognome de «O desmobilizador». Mas a pérola mistificatória encontramo-la, no pequeno texto ilustrativo da fotografia. Diz: «A maior central portuguesa continua a pensar na greve geral como se ainda estivéssemos no princípio do século XX, quando o objectivo era parar a produção e privar do lucro o infame capitalista...O que a CGTP não entende é que no século XXI uma greve geral é um acto comunicacional: a sua força decorre não apenas da adesão, mas da discussão pública que a gera».
Sim senhor, que grande tirada pós-moderna não haja dúvida. Só faltou dizer que o que incomoda o capitalista não eram as greves de milhares de trabalhadores mas o acto de uma «escassíssima minoria de indignados (que há um ano tanto entusiasmaram o Publico e outros quejandos, recorde-se, e eram então centenas de milhares e os únicos verdadeiros mobilizadores de massas) a atirarem uns ovos à polícia ou a partirem umas montras de bancos ou repartições de finanças, porque precisam da violência para dizer que existem.
Nesta observação para serem melhores analistas também podiam ter escrito que precisam da capacidade mobilizadora, comunicacional e das manifestações greves promovidas pela da CGTP-IN para parecerem muitos, se colarem a elas, e inclusive provocarem os trabalhardes em luta com outros objectivos e tácticas, porque precisam disso para mostrar que existem. Eu, pessoalmente, na rua de S. Bento, vi passar por mim na manifestação, olhando-me com um sorriso sardónico de quem sabe o que está a fazer, uma menina “queque” vestida de PRADA, com um cartaz tosco e artesanal que dizia “GREVE AOS SINDICATOS”. Depois querem que tenhamos pachorra para aturar estas e outras.
Desafio aos TPCO do Público. Se como dizem, os responsáveis ideológicos destas notícias todos acreditam de facto que a greve é um acto comunicacional, e já não se destina a privar do lucro o capitalista, façam a verificação científica através da experimentação. Realizem no Publico uma greve «à moda antiga» de 10 ou 15 dias, que impeça o jornal de sair, e verifiquem depois as consequências nos resultados, reivindicações conseguidas ou não, ou o que incomodou mais o senhor Belmiro, se as perdas de lucro provocadas pela falta de produção do produto ou as causadas pela vossa arte comunicacional.
Na minha perspectiva, e assumindo que o Arménio Carlos secretário-geral personifica perante a imagem pública o grande colectivo de centenas de milhares de trabalhadores organizados sindicalmente, o maior erro de analise foi o que os levou a atribuírem-lhe o cognome de «O desmobilizador». Na verdade, se tivessem um mínimo de objectividade teriam optado pelo mais verdadeiro e merecido: «O mobilizador». E desiludam-se os que fazem fogo ao alvo humano para atingir a organização, para já palpita-me que este não é fácil de abater. Mas mesmo que o conseguissem, outros emergiriam do grande colectivo para honrar o cargo como pudemos verificar no último congresso.
Desta vez, um elemento que não é novo, o esgrimir dos números dos participantes nas manifestações e nas greves, normalmente usado pelo patronato e governo para descredibilizarem a luta apresentando números falsos, definidos politicamente, a que os sindicatos não poucas vezes respondem com a mesma arma, acrescentando números políticos na contra resposta, atingiu foros de paroxismo no ataque à CGTP-IN, até em alguns meios que se assumem como sendo politicamente de esquerda.
Houve gente que se mostrou indignada por a CGTP-IN ter avançado com o número de 300 mil manifestantes na manifestação do Terreiro do Paço. Uns fizeram comparações com manifestações anteriores no mesmo local, género concurso, a minha foi maior do que a tua, ou da auto glorificação, “a minha cara é mais bonita que a tua”. Outros, puxando dos galões de cientistas políticos ou sociais e expressando muita pena por a CGTP-IN com tais números se estar descredibilizar, tiraram medidas ao espaço, avançaram formulas matemáticas e geométricas para se calcular o número que, naturalmente vinha reduzir a dimensão da grande manifestação realizada a 11 de Fevereiro. Como diz o povo, “é se morto por ter cão e por não ter cão”. Na greve geral a CGTP-IN não avançou números, limitou-se a dizer que foi uma grande greve geral, nem sequer disse que foi a maior de sempre, caiem-lhe em cima porque está a reconhecer que foi um fracasso.
Mas o mote mais glosado para acusar a central de fazer haraquiri foi a “banalização da greve geral” e também a comparação com a Greve Geral anterior que, em balanço final conjunto realizado pelos secretários gerais da UGT e da CGTP-IN foi considerada a maior greve geral de sempre realizada em Portugal, sem que na altura pela minha parte me tenha apercebido de qualquer contestação a tal conclusão. Lembro-me ainda de memória de duas grandes manifestações em que os números avançados pela central foram de 300 mil. A 14 de Janeiro de 1975 na Praça de Londres em Lisboa e a 29 de Maio de 2010 na Avenida da Liberdade.
Claro que a questão do número é importante. E não quero dizer que não tenhamos de a ter em conta para a nossa análise e a nossa acção. É mesmo muito importante porque quanto mais formos e mais unidos estivermos no nosso agir melhores resultados obteremos e mais longe chegaremos nos nossos objectivos.
Mas o esgrimir dos números que estamos a comentar, nos termos em que está a ser feito, ao contrário do que propalam os arautos da ciência pura para a politica e  a intervenção social, não credibiliza as organizações mas ajuda o patronato e o governo a lançar o desânimo, a divisão e o descrédito sobre os trabalhadores, as suas organizações, as lutas e as formas de luta. Aos que nos apontam a necessidade de novas formas de luta e novas formas de organização, em regra sem adiantarem quais, temos que responder que continuaremos a lutar com as armas que temos nas formas em que neste momento as sabemos usar, mas que não rejeitaremos qualquer nova forma de luta, de organização nem de convergência com outras organizações que se mostre adequada às lutas que temos pela frente, em defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores e do povo.
O que não podemos é deixar-nos paralisar ou adiarmos respostas necessárias e inadiáveis para nos lançarmos na procura de hipotéticos ou teóricos novos paradigmas de organização e acção não testados, que não emanam do decurso e desenvolvimento da luta dos trabalhadores, e que põem de lado 200 anos de experiência e evolução do movimento sindical, correndo nesse caso sim, o risco de diluição e desaparecimento de tudo o que aprendemos e construímos ao longo desses dois séculos. E já agora, se juntarmos à análise científica da situação e da correlação de forças uma boa dose de vontade e de ousadia, só fará bem à luta. Porque se apenas lutássemos quando temos a certeza de que vamos vencer nunca haveria luta.
Uma amiga minha no face-book, imbuída deste repentino zelo geral pelo rigor aritmético na lua social e política, dizia-me relativamente à manifestação. Eu sou dirigente sindical, estive lá, e não estavam lá 300 mil. Por causa destas e doutras no nosso sector deixamos de ter contadores sindicais e passámos a ter contactos permanentes com a polícia e os números que divulgamos são os que eles contam e não o dos contadores do sindicato.
No primeiro comentário registado a esta afirmação podia ler-se: está bem camarada, não foram 300 000 foram 200 001.
Santa alienação e santa ingenuidade. Respondi-lhe: Não vês que há os contadores dos patrões, os contadores do governo, a polícia, os contadores dos sindicatos, e os mais requintados de todos, os contadores cientistas sociais e políticos com fórmulas matemáticas, que na sua arrogância científica não sabem ou se esquecem que a acção política e social podendo ter algo de cientifico a dar-lhe suporte é também uma arte, praticada de forma antagónica pelos diferentes interesses de classe em confronto.
Além disso, nesta questão e nestes termos a esgrima dos números são simples jogos florais da luta ideológica e política, quiçá muito estimulantes para quem gosta de tais jogos mas longe do que é fundamental.
 Nestas lutas o fundamental não está na aritmética mas na substância. A questão de fundo é que no dia 11 de Fevereiro fizemos uma grande manifestação que se impunha em função da situação e dos objectivos definidos e teve como resultado permitir à CGTP-IN avançar para a Greve Geral de 22 de Março a partir de um patamar de mobilização e organização qualitativamente mais elevado. Foi uma grande Greve Geral e por isso, a burguesia capitalista e os seus porta-vozes arregimentados e bem pagos sentiram tanta necessidade de amplificar por todos os meus a mensagem de que foi um fracasso, que a CGTP-IN não a devia ter convocado, por isto e por aquilo, enfim catadupas de argumentos com o objectivo de lhe retirar o impacto mobilizador e dificultar a realização das novas lutas que teremos de fazer no futuro. Porque nesta guerra de guerrilha entre o trabalho e o capital a batalha final ainda está longe.
Até o dono do Grupo Jerónimo Martins que recentemente deslocou a sua sede para a Holanda, para pagar menos impostos, e segundo afirmou, por ter o sagrado direito de defender o seu património transferindo-o para outros países, e estar longe das consequências de uma eventual saída de Portugal do Euro, digo eu, teve a excelentíssima lata de em vésperas da greve vir dizer que “os actuais sindicatos estão desactualizados e já não respondem aos interesses dos trabalhadores”. Será que este tubarão quer sindicatos mais fortes e combativos? No mínimo é caso para se desconfiar.

A MINHA MAIOR GREVE GERAL DE SEMPRE FOI MENOR NO NÚMERO DE TRABALHADORES QUE NELA PARTICIPARAM DO QUE NA QUE SE LHE SEGUIU - MAS FOI MIL VEZ MAIOR NOS RESULTADOS CONCRETOS QUE OBTEVE - NA DIMENSÃO DO AFRONTAMENTO ENTRE AS FORÇAS DO CAPITAL E AS DO MUNDO DO TRABALHO - E EM NOVOS DINAMISMOS GERADOS NA SOCIEDADE.

Entro neste jogo, mas digo minha, porque seguramente para os que não participaram nela haverá outras maiores, particularmente para os muitos trabalhadores que ainda não tinham nascido naquela altura e participaram nas últimas, e naturalmente, também para os estudiosos do fenómeno conforme o peso quantitativo e qualitativo que nos seus estudos dão aos números e aos factos analisados e considerados.
Foi a Greve Geral de 12 de Fevereiro de 1982. Já escrevi isso noutro lado e passo a resumir as razões de tal conclusão: Na mira da direita e do capital estava a primeira revisão da constituição de 1976 que consagrava uma sociedade progressista avançada, a reprivatização das empresas nacionalizadas, o desmantelamento da reforma agrária, e a eliminação de direitos dos trabalhadores.
No final de 1981 o desemprego era já de 8,8%, a inflação ia em 16%, sendo as previsões do OCDE para Portugal de 25% de inflação em 1982.
O anúncio feito pelo governo de um tecto salarial de 14,75%, a fim de impedir aumentos salariais superiores a este tecto no ano seguinte, seguida da intenção de alterar as leis laborais para facilitar os despedimentos, tornou a situação explosiva no mundo do trabalho.
Em Dezembro realizam-se grandes manifestações de protesto promovidas pela CGTP-IN por todo o país. Entre 4 e 8 de Janeiro cerca de 900 mil trabalhadores, grande parte da indústria e todos os dos transportes rodoviários e ferroviários, estiveram em greve por aumentos salariais e a revisão dos seus contractos colectivos. Seguiu-se durante o mês um encadeamento de greves com elevada adesão. A quinze de Janeiro o plenário de sindicatos da CGTP-IN delibera por uma Greve Geral de 24 horas no 12 de Fevereiro de 1982.
A encimar o rol das reivindicações destacam-se a exigência do abandono do pacote laboral e a revogação do tecto salarial. O lema da greve foi: «Uma só solução – AD fora do governo». A campanha de intimidação sobre os trabalhadores foi enorme, dirigida a partir do governo de Pinto Balsemão sob a batuta do senhor Ângelo Correia, ministro da administração interna, patrão e padrinho do actual primeiro-ministro, que teve também a prestimosa ajuda da UGT e do seu secretário-geral de então que na madrugado do dia 12, integrou, juntamente com policias à paisana, piquetes anti-greve na carris destilando provocações grosseiras sobre os trabalhadores em luta. Este sim merece o cognome de «O desmobilizador».
Houve diversas cargas policias sobres os piquetes de greve, vários feridos e a repressão sobre os trabalhadores continuou após a greve assumindo foros de assassinatos no 1º de Maio do Porto desse ano onde uma companhia de policia de intervenção armada de G3, comandada politicamente pelo seráfico Ângelo Correia disparou indiscriminadamente sobre os manifestantes. Dois operários foram assassinados a tiro e foram feridos mais 58, 55 dos quais tiveram que ser tratados nos hospitais.
Os resultados deste processo de luta foram desde o inicio assinaláveis: vários processos de negociação colectiva foram desbloqueados nos dias seguinte à greve, o tecto salarial foi estilhaçado por aumentos salariais entre os 20% e 30% e a vigências das tabelas salariais que era de 18 meses passou para 12 meses.
O pacote laboral foi metido na gaveta até “melhor oportunidade” e só veio de lá a sair no governo maioritário de Cavaco Silva em 1988 provocando outra Greve Geral. Desta vez com a UGT empurrada pela luta dos trabalhadores a dizer que também a fazia.
A greve deu um grande empurrão ao isolamento social do governo que a continuação da luta por múltiplas formas levou à desagregação e ao seu derrube dez meses depois.
É por isto e muito mais que seria fastidioso enumerar que para mim esta foi a maior greve geral de sempre. Até pode não ter sido a que teve maior número de participantes, se alguém me vier dizer que em número de aderentes foi a de 28 de Março de 1988 contra o pacote laboral ressuscitado por Cavaco Silva seis anos depois de derrotado, estarei de acordo.
Mas a de 12 de Fevereiro de 1982 foi seguramente aquela em que a intensidade do confronto entre as forças em presença, entre os prós e contras, foi a mais elevada. Aquela que atingiu um maior grau de politização. E também aquela que atingiu maior profundidade e duração no seu impacto social e politico, em resultados concretos para os trabalhadores. Tire-se a prova real comparando os resultados concretos de todas as grandes greves gerais que se lhe seguiram, todas por motivos justos, com diversos graus de adesão, incluindo da maior no número, e depois discuta-se o valor e peso da forma e o valor e peso da substância.

Aroeira, 25 de Março de 2012



[1] Sindicalista