Intervenção de vítor Dias
Aveiro, 7.4.2018
Caros amigos e amigas:
Estimadas companheiras e
companheiros:
Saudando esta oportuna
iniciativa da URAP e saudando sobretudo a vossa presença
interessada, permitam-me algumas palavras sobre o contexto,
características e significado do 3º Congresso da Oposição
Democrática realizado faz agora 45 anos nesta cidade de Aveiro.
Mas com o honesto aviso de
que estas palavras não têm a pretensão de vos trazer uma abordagem
nova, mais profunda ou radicalmente diferente das que já foram
feitas em anteriores evocações desta importante efeméride.
Têm antes o modesto
propósito de recordar aos mais velhos o que já ouviram há bastante
tempo e propiciar aos mais novos porventura um primeiro contacto com
algumas informações e análises sobre esta grande realização
política da oposição antifascista em Portugal.
Assim sendo, talvez caiba
dizer, mesmo a 45 anos de distância, que o êxito singular e as
enormes repercusssões do 3º Congresso da Oposição Democrática
não podem ser vistos como um acontecimento isolado ou um feito que
se hipervaloriza para deslustrar outros.
Antes é preciso lembrar que o 3º Congresso foi tributário dos I e II Congressos Republicanos de 1957 e 1969, realizados com as caracteristicas possíveis em concretas e anteriores conjunturas políticas, e que, ainda de forma mais geral, o 3º Congresso é inseparável de todo o processo de luta antifascista durante os anteriores 47 anos, um processo que conheceu êxitos memoráveis e luminosos mas também longos períodos de amargura, de ásperas dificuldades, de derrotas sombrias mas que nunca fizeram secar o sangue da esperança e diluir o espírito de combate de milhares de democratas.
Antes é preciso lembrar que o 3º Congresso foi tributário dos I e II Congressos Republicanos de 1957 e 1969, realizados com as caracteristicas possíveis em concretas e anteriores conjunturas políticas, e que, ainda de forma mais geral, o 3º Congresso é inseparável de todo o processo de luta antifascista durante os anteriores 47 anos, um processo que conheceu êxitos memoráveis e luminosos mas também longos períodos de amargura, de ásperas dificuldades, de derrotas sombrias mas que nunca fizeram secar o sangue da esperança e diluir o espírito de combate de milhares de democratas.
E é neste contexto relativo
aos nexos e continuidades da história que, entre tantos outros
prestigiados nomes, cumpre lembrar e homenagear a figura de Mário
Sacramento, grande obreiro do I e II Congressos Republicanos, ilustre
personalidade da cultura e intelectualidade portuguesas, um humanista
exemplar, um democrata de ideais e convicções avançadas em que o
amor da liberdade e da democracia se articulava coerentemente com
projectos e compromissos de transformação e progressos sociais, ao
serviço da causa maior de um mundo melhor que aliás, nas suas
palavras de despedida, nos pediu para fazermos.
Mesmo à distância de 45
anos, justifica-se lembrar que o 3º Congresso da Oposição
Democrática se realiza em 1973, isto é num momento em que a
manobra demagógica de falsa liberalização lançada por Marcelo
Caetano em 1968 (e não «a primavera marcelista», como alguns
equivocadamente acreditaram) já se encontrava profundamente
desgastada e desacreditada por dezenas de factos, acontecimentos e
decisões que testemunhavam a continuidade no essencial da ditadura
fascista e a que se somava o cada vez mais evidente atoleiro da
sangrenta e cruel guerra colonial em três frentes africanas.
De uma longa lista, dois
exemplos apenas bastariam para desmentir os que atribuiram ou ainda
atribuem a Marcelo Caetano o propósito genuino de operar uma suave
transição para uma democracia parlamentar.
Com efeito, a operação de
cosmética levou a que o regime rebaptizasse a PIDE de DGS mas nem
por issso acabaram a perseguição aos antifascistas, as prisões
arbitrárias, as torturas, a bufaria, a aposta no medo como
instrumento de controlo político e de defesa do regime, as longas
penas de prisão e as medidas de segurança aplicadas aos valentes e
indomáeis prisioneiros de Peniche e prisioneiras de Caxias.
O regime também mudou o
nome à Comissão de Censura rebaptizando-a de Comisssão de Exame
Prévio mas nem um só dia o lápis azul deixou de funcionar
vigilantemente na sua feroz cruzada contra a verdade, a realidade e a
liberdade de expressão e de opinião na comunicação social e, em
geral, na cultura.
Os democratas que
organizaram e construíram o 3º Congresso da Oposição Democrática
tinham perfeita consciência de que a sua autorização em ano de
«eleições» (com aspas) era vista pelo regime como uma importante
oportunidade para, designadamente perante a opinião pública
internacional, dar a imagem de um país onde a oposição afinal se
reunia e discutia livremente até com um ligeiro afrouxamento da
censura à iniciativa.
A tal ponto isto era assim que são conhecidos os esforços do regime para mobilizar jornalistas estranngeiros que depois seriam sujeitos a briefings prévios no SNI.
A tal ponto isto era assim que são conhecidos os esforços do regime para mobilizar jornalistas estranngeiros que depois seriam sujeitos a briefings prévios no SNI.
Sabemos todos como esta
manobra foi derrotada pelos democratas reunidos no Congresso, desde
logo pela rejeição pela sua Comissão Executiva de numerosas
limitações que o governo, através do governador civil, quis impor.
E sobretudo pela corajosa decisão tomada pela Comissão Nacional do Congresso na madrugada de 8 de Abril de, apesar da sua expressa proibição, manter a prevista romagem ao túmulo de Mário Sacramento que, em imagens que correram o mundo, viria a ser objecto de uma selvática e brutal repressão sobre a qual se poderá dizer que ela representou a todos os títulos o definitivo, arrasador e inapelável dobre de finados da demagogia liberalizante.
E sobretudo pela corajosa decisão tomada pela Comissão Nacional do Congresso na madrugada de 8 de Abril de, apesar da sua expressa proibição, manter a prevista romagem ao túmulo de Mário Sacramento que, em imagens que correram o mundo, viria a ser objecto de uma selvática e brutal repressão sobre a qual se poderá dizer que ela representou a todos os títulos o definitivo, arrasador e inapelável dobre de finados da demagogia liberalizante.
Depois da carga policial,
uma jornalista estrangeira declarou estar definitiamente esclarecida
sobre o regime vigente em Portugal. A ligadura na cabeça dizia o
resto.
O isolamento político da
ditadura fascista não foi obra do acaso, não estaa escrito nas
estrelas, nem foi a mera sequência de erros do regime.
Esse isolamento, que andou
de par com o seu endurecimento, que se tornar-se-ia tão
expressamente patente durante a farsa eleitoral de Outubro seguinte,
farsa marcada por novas restrições e enormes violências (algumas
das quais o regime nunca antes tinha usado nos seus anteriores 47
anos de existência, como a proibição dio uso da palara em comícios
de não candidatos, a proibição de candidatos de um distrito irem
falar a comícios em outros distritos e, por fim, a 12 dias, do
começo da campanha, a publicação do decreto que estabeleceu que
todos os candidatos e membros de comissões eleitorais que
desistissem da ida às urnas seriam julgados e condenados à perda de
direitos políticos, o que levou a que estimados companheiros
advogados de vários distritos, que não os de Aveiro,
desistissem apresentar listas.
Não, não e não. Por mim,
e por falta de criatiidade minha, sempre que se trata de encontrar
uma imagem simplificada que sintetize este processo de isolamento
político da ditadura, volto sempre à ideia de que, onde o fascismo
abria uma frincha de 5 centímetros na porta da sua fortaleza, os
democratas não ficavam sentados à espera que a frincha passasse a
ser de 10 cm., antes metiam logo o pé, a seguir se pudessem metiam a
cabeça, sempre com o inabalável intuito de fazer passar o corpo
todo e tomar e derrubar a fortaleza.
Mas a 45 anos de distância,
merece em especial ser recordada, valorizada e homenageada a exemplar
e fraterna unidade dos principais sectores e correntes políticas
democráticas, com destaque para comunistas, socialistas, católicos
progressistas, democratas independentes e algumas personalidades
ainda ligadas ao republicanismo histórico, afirmada no 3º Congresso
da Oposição Democrática e depois coerentemente prolongada na
combativa intervenção na farsa eleitoral de Outubro de 1973.
Dito
isto, e porque não somos cultores das páginas brancas em História,
importa dizer também que sabemos perfeitamente que grupos ( os que
dariam origem aos futuros MES e PRP) não quiseram participar no 3º
COD e as razões que para tanto inocaram, tendo entretanto passado o
tempo suficiente para que se avalie o desacerto ou acerto de tal
decisão.
Mas
isso é uma coisa e outra coisa diferente é, como aconteceu aqui em
Aveiro há cinco anos numa iniciativa
unitária, um historiador e comentador muito conhecido vir
proclamar atrevidamente que «os sectores
mais combativos da oposição» não vieram
ao Congresso ou nele foram marginalizados.
Sem prejuízo do reconhecimento dos seus méritos, este é um problema
recorrente também em alguns outros historiadores desta geração.
Ou seja, ao longo da vida, como era seu
pleno direito, mudaram muitas das suas opções ideológicas ou
posições político-partidárias, mas nunca mudam nada no exame e
avaliação retroactivos
que fazem do seu papel e atitudes enquanto activistas
de extrema-esquerda no tempo do 3º COD.
Sen nenhuma hostilidade e
até com alguma cordialidade, talez se possa dizer portanto que a
sua crítica verbalmente violenta de há 45 anos ao 3º COD é um
dos poucos pontos em que continuam a ser inteiramente fiéis ao seu
passado.
Mas como não se trata de
valorizar a unidade pela unidade, forçoso é sublinhar e enfatizar
que se tratou de uma unidade em torno de um firme propósito de
caminhar para o derrbamento do fascismo por um processo global de
lutas e, ao mesmo tempo, em torno do que talvez tenha sido a
plataforma programática mais avançada e progressista de toda a
história dos movimentos de unidade antifascista, como entre outros
exemplos, ficou expresso pelas referências aos direitos e interesses
dos trabalhadores, à luta contra os monopólios e pelo fim da guerra
colonial com o reconhecimento do direito dos povos coloniais à
independência.
Isso
mesmo ficou consagrado na Declaração final do 3º Congresso mas
essas distintivas marcas de água já estavam nas primeiras
palavras lidas por Álvaro Seiça Neves na sessão inaugural do
Congresso na mensagem enviada do seu exílio forçado no Brasil pelo
Prof. Ruy Luis Gomes, eleito Presidente de Honra do Congresso :
«"Profundamente
sensibilizado convite presidir Congresso saúdo companheiros
consciente da importância deste Congresso para objectivos centrais
nossa luta liberdades democráticas povo português independência
povos coloniais declaro aberta a sessão " .
Mesmo à distância de 45
anos, e perante as conhecidas críticas que, passadas décadas,
alguns participantes então de extrema – esquerda continuam a
fazer, importa relembrar que a expressão 3º Congresso da Oposição
Democrática não queria dizer uma espécie de Assembleia Geral ou
RGA – Reunião Geral de Antifascistas –género ad-hoc ou tudo ao
molho e fé em Deus mas sim que, muito mais do que as condições
permitiram ao I e II Congressos, era uma emanação directa das
estruturas organizadas das CDE's distritais quer quanto aos seus
objectivos políticos quer quanto às formas de organização, que
incluia imperativamente uma inteira liberdade de opinião para os
participantes,o que só foi possível graças à lucidez, espírito
solidário e empenhada concordância dos democratas de Aveiro,
designadamente dos membros da Comissão Executiva que desenvolveram
um labor extraordinário e digno da maior admiração e gratidão.
Ao longo destes últimos 45
anos, de vez em quando lá aparece, em vozes muito isoladas, a
crítica ou piada venenosa de que, abre aspas , «que grande Congresso
foi aquele que até não conseguiu prever o papel dos militares no
tão próximo derrubamento da ditadura!» . A esta crítica pode e
deve responder-se de uma forma simples e frontal : em primeiro lugar,
o 3º Congresso era um congresso que reunia democratas e combatentes
antifascistas e não um congresso de videntes, bruxos ou
adivinhadores (sendo de lembrar que o movimento dos capitães só
começou em Agosto desse ano !); em segundo lugar, o 3º Congresso
só podia ter como objectivo mobilizar os democratas para a luta e
influenciar a opinião pública e não propriamente dizer aos
democratas que podiam suspender a sua luta e ir tratar das suas
vidas porque era de prever que os militares resolvessem sózinhos o
assunto; em terceiro lugar é minha opinião que mesmo que na altura
do Congresso, ou seja em Abril de 1973, já soubéssemos sobre o
movimento dos capitães o que viríamos a saber com mais nitidez em
Outubro/Novembro desse ano, ainda assim qualquer referência aos
militares nas Conlusões finais do 3º Congresso teria de ser
extraordinariamente discreta e vaga para não atrair as atenções e
fazer soar as campainhas da PIDE e do regime.
Mesmo à distância de 45
anos, é justo referir que o 3º Congresso se debruçou sobre um
amplíssimo leque de problemas e sectores da vida nacional na base de
centenas de teses ou comunicações , muitas delas colectivas
(incluindo uma dos presos políticos em Caxias) e muitas delas-
crucial novidade – elaboradas e apresentadas por grupos de
trabalhadores e contou com uma larga, generosa e entusiástica
participação da juventude, uma e outra coisa inseparáveis do
ascenso das lutas democráticas, populares, de trabalhadores e
estudantis que se vinham registando desde 1969 na base de uma
orientação política audaciosa criativa consistente e determinada
que, como está hoje testemunhado e comprovado pelos próprios,
viria a exercer uma importante influência na formação da
consciência democrática dos «capitães de Abril».
Nesse sentido, o 3º
Congresso e depois a durissima batalha eleitoral travada em Outubro
de 1973 puseram em nítido destaque e evidência naõ apenas que o
movimento democrático no seu conjunto dispunha de uma valiosa e
diversificada massa crítica sobre os mais importantes problemas da
nação mas também de uma base de apoio consciente e altamente
politizada formada por milhares de quadros e activistas que, após a
explosão do 25 de Abril, sem necessidade de grandes manuais de
instruções, estavam preparados para realizar com êxito, como
realizaram, o que então chamávamos de grandes tarefas de
democratização da vida nacional.
Assegurando designadamente
não apenas a desfascização das estruturas do Estado mas garantindo
também o assumir de funções e responsabilidades que, ponto muito
importante, permitiram assegurar uma relativa mas valiosa
normalidade e eficácia na regular administração pública e
condução dos assuntos de Estado embora num quadro, não de
«transição» como alguns erradamente insistem, mas de assumida
ruptura com o regime derrubado e com as suas instituições.
Hoje,
mesmo à distância de 45 anos, pode ser muito saboroso e provocar
rasgados sorrisos fazer algumas referências à forma com a imprensa
do regime acusou o toque, ou melhor dizendo a estocada, do 3ª
Congresso da Oposição Democrática. O jornal «A Época» clamava
que «O
verdadeiro símbolo do congresso, demagógico, violento e falhado
está nas seis navalhas abandonadas pelas manifestantes na
precipitação da fuga" e que (…) "Sabe-se que é hábito
dos esquerdistas em todo o mundo colocarem mulheres e crianças à
testa das manifestações, no deliberado propósito de fabricarem
«mártires». Por
sua vez,
o « Diário de Notícias» sentenciava
que «"Tal
como o tempo, a última semana política registou temperaturas acima
do normal. O Congresso de Aveiro, o contraponto dos atentados
dinamitistas do Porto, a agitação estudantil mormente nas capitais
do Norte e do Centro do país, trouxeram à amenidade do nosso clima
perturbações não desejadas. ». Já o
«Correio do Minho (propriedade da ANP) choramingava que «Lemos
algures que um dos aspectos novos deste Congresso está no
recrutamento da juventude estudantil e operária. Ora que novidade !
- Foi para esses meios que os órgãos destiladores de venenos,
fizeram convergir os veios da droga moderna. A luta contra o poder
constituído e, de modo especial, contra a nossa defesa do Ultramar.
» E em «A Capital» o pretensamente
liberal Manuel José Homem de Mello debitava que «Acresce
que a escolha, para presidente, de um individuo internacionalmente
conhecido pela sua constante solidariedade com os inimigos do país,
não poderá deixar de ser considerado como autêntico desafio à
compreensão e abertura manifestadas pelas autoridades.» E opinava
que os congressistas «(…) porque, utilizando a fraseologia dos
mais encarniçados inimigos do País, ofenderam, com o maior
despudor, os que, galharda e heroicamente, se batem pela continuidade
da presença lusíada em terras portuguesas de África.»
E,
numa frase que depois de Abril viria a conhecer outras declinações,
terminaa proclamando que «O
que o País deseja é progresso e desenvolvimento. Trabalho e
eficácia. Para tanto carece de tranquilidade. Nas ruas e nos
espíritos."
E
porque se não somos de amarrar alguém para sempre ao seu passado
mas também
somos contra as amnésias
convenientes e as reescritas da história, talvez valha a pena
referir serenamente que, também à época, um jovem turco do
regime, que estaria destinado a altos voos na democracia , logo
correu a escrever a Marcelo Caetano aplaudindo com ambas as mãos o
teor da sua conversa em família sobre o 3º Congresso e alinhando em
insinuações sobre o alegado controlo do Congresso por uma
determinada força política.
Caros amigos e caras amigas
:
Os valores da resistência
antifascista não são uma peça de museu que alguns de nós, de
tempos a tempos, visitamos com um olhar emocionado.
Na
verdade, por força do próprio curso da história do país e das
nossas vidas, os valores de Abril têm como antepassado histórico e
imediato os grandes valores da resistência antifascista que os
tempos e realizações exaltantes da Revolução de Abril
actualizaram, alargaram e enriqueceram extraordinariamente.
E que, ainda hoje, passados
44 anos estão plasmados na Constituição da República e têm um
inapagável lugar na memória, na consciência e na coração dos
portugueses, com marcas admiráveis em largos sectores das novas
gerações.
E, por fim, não haja
nenhuma confusão, esta iniciativa comemorativa do 3º Congresso da
Oposição Democrática e a nossa presença aqui não é nenhuma
romagem ou peregrinação de saudade, até porque, além do mais,
para saudades não haveria propriamente motivos.
É que a maioria dos que aqui viemos e aqui estiveram de 4 a 8 de Abril de há 45 anos pretendem honrar a memória de um marco maior da resistência antifascista e de um momento muito importante nas suas vidas mas são cidadãos e cidadãs que tiveram a felicidade de fazer, viver e construir a revolução de Abril, com os seus conflitos e asperezas é certo, mas também e sobretudo com os seus tempos exaltantes e incomparáveis de generosidade individual e colectiva, de ânsia de justiça e progresso social, de fim da guerra e de conquista da paz e da liberdade de outros povos, de elevados padrões éticos de desinteresse pessoal, fraternidade, honestidade e alto sentido de defesa e prioridade ao interesse público e às aspirações populares.
É que a maioria dos que aqui viemos e aqui estiveram de 4 a 8 de Abril de há 45 anos pretendem honrar a memória de um marco maior da resistência antifascista e de um momento muito importante nas suas vidas mas são cidadãos e cidadãs que tiveram a felicidade de fazer, viver e construir a revolução de Abril, com os seus conflitos e asperezas é certo, mas também e sobretudo com os seus tempos exaltantes e incomparáveis de generosidade individual e colectiva, de ânsia de justiça e progresso social, de fim da guerra e de conquista da paz e da liberdade de outros povos, de elevados padrões éticos de desinteresse pessoal, fraternidade, honestidade e alto sentido de defesa e prioridade ao interesse público e às aspirações populares.
E cada um à sua maneira
como é próprio da liberdade, aqui continuamos sem que a idade de
muitos de nós faça vacilar o nosso compromisso com a liberdade e a
democracia ou esmoreça a nossa atenção e compromissso com os
problemas e desafios do presente e do futuro da nossa pátria e da
humanidade.
Muito obrigado.
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