Passaram 49 anos mas..
Em nome da URAP sejam todos bem vindos a este desfile que honra as poderosas tradições antifascistas desta nossa terra e celebra condignamente o 25 de Abril, essa data maior da nossa história como povo e como nação, esse inesquecivel acontecimento que semeou alegria e esperança no coração dos portugueses, essa revolução democrática que, graças ao corajoso impulso inicial dos militares do MFA, abriu horizontes de liberdade, paz, justiça e progresso social para a nossa então sofrida pátria.
49 anos é muito tempo e nesse tempo, bem o sabemos, cabem desilusões, derrotas, conflitos e esperanças traídas mas queremos crer que, pelo menos nos mais velhos de nós, permanece viva a memória de um tempo apaixonante de transformações e conquistas que modificaram para melhor a face do pais, que fizeram irromper nas ruas e praças de Portugal uma generosa vontade colectiva de combater as injustiças sociais, de afirmar direitos e liberdades e de assegurar a vitória sobre o atraso, a exploração desenfreada e o poder absoluto dos que tinham sido os principais apoios e sustentáculos do regime fascista.
Vivemos hoje um tempo português onde não faltam casos de corrupção, abusos de poder, negociatas e trapalhadas. Mas é justo lembrar que em 1974 e 1975 nada disso aconteceu. E não aconteceu porque viviamos então uma época em que o interesse público e o bem comum eram sagrados, em que a desonestidade e o roubo não eram tolerados, em que predominava uma moral colectiva que era intransigente em relação a todos esses fenómenos.
49 anos é muito tempo e por isso é adequado relembrar que a revolução de Abril, traduzindo magnificamente as aspirações do povo português como se viu na histórica e impressionante jornada do 1º de Maio de 1974, não nos trouxe apenas esse bem maior que é liberdade porque nos trouxe também uma patente melhoria das condições de vida ,(o salário minimo nacional nasceu aí), a generalização da segurança social e dos subsidios de férias e de natal,a liberdade sindical, a nacionalização dos grupos monopolistas, a terra a quem a trabalhareforma nos latifundios da fome nos campos do sul, as comissões de moradores e de trabalhadores, os primeiros passos para a democratização das autarquia e ainda,como conquista do mais alto valor,o fim de uma guerra colonial que já tinha ceifado a vida de dez mil jovens portugueses e de um número maior de africanos.
Como hoje voltaremos a ver logo à tarde na Avenida da Liberdade em Lisboa, o 25 de Abril continua ter um lugar incomparável na nossa memória colectiva e também nos sentimentos e imaginário das gerações mais novas. Diversos paises europeus também tiveram o seu «25 de Abril» no fim da segunda guerra mundial. Mas não houve nenhum que, passados 49 anos, ainda celebrasse, com uma expressão de massas semelhante à nossa, a sua libertação do nazi-fascismo.
É verdade que já passaram 49 anos mas não temos medo de afirmar que os grandes ideais e valores do 25 de Abril continuam a ser válidos e necessários para enfrentarmos os maiores problemas e desafios da vida nacional, do aumento do custo de vida aos salários e pensões baixos, da degradação do SNS à guerra na Europa.
E neste sentido é justo afirmar que eles são tanto mais necessários quanto é certo e sabido que há hoje em Portugal uma força política que escolheu como lema o «Deus, Pátria, Familia» do fascismo, que é financiada pelso empresários mais retrógados, que é campeã do racismo e da xenofobia, que é admiradora de Trump e de Bolsonaro e dos franquistas do Vox espanhol e que só cavalga problemas e insatisfações reais não para lhes dar solução mas para espalhar a provocação, a arruaça, o ódio, o preconceito e a intolerância.
Fascistas nunca mais !
25 de Abril sempre !
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